quarta-feira, 23 de março de 2011

O ABRAÇO


Amigo (a). Saudoso abraço.

Talvez isso seja tudo o que se quer: um abraço, um aconchego, um recanto do universo do nosso corpo a acolher alguém. Muitos de nós daríamos um reino - ou parte dele - por um abraço sincero e acolhedor. O abraço entre amigos e amores é o prenúncio do abraço derradeiro entre a terra e o céu. Nele e através dele uma espécie de redenção acontece, uma janela nova se abre, um feixe de luz entra em nossos quartos escuros.

A luz da amizade e do bem nos arranca da morte que patrocinamos em nós e nos outros quando nos recusamos a dar ou a receber um abraço redentor. Não é por outra razão que o Cristo Redentor está ali, no Rio, num abraço estratosférico, gigantesco, belo, como quê para nos ensinar que o abraço respeitoso e amoroso desfaz o mal, destelha a arrogância, desalinha a racionalidade estéril, destitui todo poder egocêntrico, devolve-nos a nós próprios numa breve entrega a outrem.

O abraço inaugura ou aprofunda a amizade. Nele e por ele pontes são construídas. Sem ele, muros são levantados, barreiras são erguidas, distâncias são postas. Por isso deveríamos, todos nós, despirmo-nos da desconfiança dos abraços dados com a simples intenção de querer o bem e de dar o bem. Deveríamos ser mais confiantes uns nos outros e, na medida do possível e das conveniências equilibradas, oferecermos nosso aconchego ou nos abrirmos a recebê-lo. Isso é o sinal fecundo de uma amizade - ao estilo de nossa cultura brasileira, tão ávida pelo recíproco bem querer.

Para não envelhecermos duros, feito a massa de bolo largada num canto, que não recebeu as doses certas de contato humano.

Deixo-lhe um abraço virtual, quisera fosse concreto. Porém, acolha-o como dom de uma amizade sincera e despretenciosa. Simplesmente.

No abraço da vida e do Pai, Autor da Vida,


Prof. Onofre Guilherme S. Filho
PUC Goiás

onofre@pucgoias.edu.br

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