quarta-feira, 16 de março de 2011


O anfíbio mexicano axolote (Ambystoma mexicanum) está ganhando atenção especial do mundo científico por sua espetacular capacidade de regeneração. Quando perde algum de seus membros ou um órgão não vital, seja em acidente ou pelo ataque de um animal, o sangramento para em poucos segundos e rapidamente as partes perdidas voltam a crescer. Os cientistas querem entender como funciona esse fenômeno, para poder aplicá-lo na medicina humana.

De acordo com a cientista Christina Allmeling, do Centro de Biorregeneração da Faculdade de Medicina de Hannover, na Alemanha, além de realizar pesquisas com esse tipo de salamandra, o objetivo também é garantir sua preservação. Devido ao aumento da poluição em seu país de origem, o México, a espécie está ameaçada de extinção. Em aquários adaptados, no centro científico de Hannover, vivem cerca de 120 desses animais de apenas 20 centímetros de comprimento, que passam toda a vida sob a água.

Para saber o que acontece no organismo do axolote quando seus membros voltam a crescer, os cientistas os anestesiam e amputam alguma parte. Para sua pesquisa de doutorado, o cirurgião plástico Björn Menger já realizou esse procedimento quase 300 vezes, mas ainda se surpreende com a rapidez com que o sangramento cessa.

– Em poucas horas forma-se um tecido que estanca a ferida, explica a doutora Kerstin Reimers-Fadhlaoui. Este tecido do anfíbio tem efeito regenerador. Uma perna amputada, por exemplo, volta a crescer em algumas semanas. Em culturas de células pode-se analisar melhor o processo, e sabe-se que o sistema imunológico é muito importante na regeneração.

Processos de regeneração já são conhecidos em peixes. Mas, sendo um quadrúpede vertebrado, o axolote – ou axolotl, nome que significa monstro d’água na língua asteca náuatle – está geneticamente muito mais próximo do ser humano.

Daí, a esperança de que essa propriedade de regeneração possa ser usada para os humanos. Na opinião do cirurgião Menger, este seria um enorme avanço: – Ajudaria muito, por exemplo, na reconstituição de grandes perdas de tecido epitelial ou ósseo, estima.

Os cientistas esperam chegar a medicamentos que reproduzam essa propriedade do anfíbio. E um dia, quem sabe, conseguirão acelerar a cura de um paciente que tenha perdido algum membro em acidente. – Nosso sonho é aumentar a capacidade de regeneração do ser humano e, quem sabe um dia, fazer com que ele também consiga regenerar seus próprios membros, como o axolote, afirma Reimers-Fadhlaoui.

Correio do Brasil

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