domingo, 24 de julho de 2011

A excelência do amor


O grande místico São João da Cruz (1543-1591), caracteriza o amor ardentíssimo e contemplativo ao Senhor Deus por três excelências principais: Primeiro, ama a Deus a alma, não por si mesmo, mas por ele; o que é uma excelência admirável, porque ama assim pelo Espírito Santo, como o Pai e o Filho se amam; o que o próprio Filho declara no evangelho segundo São João: "A fim que o amor com que tu me amaste, esteja neles, e eu também esteja neles" (João 17,26).
A segunda excelência é amar a Deus em Deus; porque nesta união ardente a alma se absorve no amor de Deus, e Deus se entrega à alma com grande veemência. "Como o cervo brama pelas correntes das águas, assim suspira à minha alma por ti, ó Deus! (Salmo 42,1).
A terceira excelência do amor supremo é que a alma ama a Deus neste estado pelo que ele é; quer dizer, ama-o não somente porque ele se mostra para com ela generoso, bom e glorioso, etc., mas muito mais ardentemente, porque ele é tudo isto essencialmente. "... Em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a glória e o poder para todo o sempre. Amém. (1 Pedro 4,11b).
São João da Cruz, viveu, ensinou e morreu na excelência do amor de Deus. Seus escritos provocam em nós a ousadia do amor ardente a Deus. Disse ele: "A linguagem que Deus entende melhor é a suave linguagem do amor".
Como devemos amar a Deus com a mesma intensidade que amou São João da Cruz?
O escritor Chuck Colson, relata com muita propriedade, como ele descobriu essa dificuldade em saber como devemos amar ao Senhor nosso Deus: "Um aspecto que se vê em todo os livros da Sagrada Escritura, é claro, é o amor de Deus pela humanidade e como ele demonstra esse amor através do sacrifício do seu Filho na cruz. Quanto mais eu lia sobre isso, mais eu queria saber sobre o outro lado - ou seja, como fazer para demonstrar o meu amor por ele. De algum modo, parecia ser essa a chave para o que estava faltando na vida cristã. O maior de todos os mandamentos, de acordo com Jesus, é "amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento" (Mateus 22,37). Eu tinha decorado essas palavras, contudo, na verdade, nunca havia pensado realmente sobre o que significavam em termos práticos; ou seja, sobre como eu podia cumprir esse mandamento. Ponderei se outras pessoas não sentiam a mesma coisa. Então perguntei a uma porção de cristãos mais experientes de que forma eles amavam a Deus.
O efeito cumulativo da minha pesquisa, escreveu Colson, me convenceu de que a maioria de nós cristãos professos, não sabemos, de fato, como amar a Deus. Além de não termos dedicado tempo para pensar no significado do maior de todos os mandamentos no nosso dia-a -dia, também não o temos obedecido" (extraído de Loving God - "Amando a Deus" -, de Chuck Colson, pp.15-16).
Como devemos fazer para demonstrar o nosso amor ao bondoso Pai Celestial? É apenas um sentimento ou uma caminhada pela fé? É uma atitude racional ou paixão do coração? Ou um pouco de tudo? Colson escreveu um livro inteiro acerca do significado de amor a Deus. O seu estudo o levou a incluir aspectos da vida cristã tais como obediência, santidade, arrependimento e sofrimento.
Nosso Senhor Jesus Cristo falou muitas vezes: "Se me amais, guardareis os meus mandamentos" (João 14,15). Com certeza, a obediência aos mandamentos do Senhor Jesus é uma parte importante da implicação prática de amá-lo. Santidade é o fator fundamental. Arrependimento é o meio que o bom Deus nos dá para dar as costas ao pecado e caminhar em direção a ele. Viver na obediência à Palavra de Deus, na confissão de pecados, e na busca da perfeição, tudo isso são sinais do nosso amor para Deus nosso Senhor. "Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus" (Mateus 5,48).
O que significa amar a Deus por excelência? Significa querer ardentemente estar com ele na luz da contemplação. Quando amamos uma pessoa, queremos estar ao seu lado para sempre.
O salmista Davi expressou esse amor: "uma coisa pedi ao Senhor, e a buscarei: que eu possa morar na casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a formosura do Senhor , e habitar no seu templo" (Salmo 27,4).
A excelência do amor a Deus é expressa várias vezes nos Salmos. O Salmo 84 é um clamor profundo de todo o ser que almeja viver na presença do Todo-Poderoso: "Quão amáveis são os teus tabernáculos, Senhor dos Exércitos! A minha alma suspira e desfalece pelos átrios do Senhor; o meu coração e a minha carne exultam pelo Deus vivo" (Salmo 84,1-2).
Cultivar a excelência do amor a Deus é, em muitos aspectos, igual a qualquer outro tipo de relacionamento - leva tempo. Tempo para passar com ele - ouvindo, dialogando, amando, meditando e saboreando da sua augusta presença.
Tudo isso envolve crise e sofrimentos. "O verdadeiro amor - o não fingido (Romanos 12,9) - tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta e nunca falha" (I Coríntios 13,7-8).
São Pedro Julião Eymard (1811-1868), disse: "O amor não transfere a ninguém as suas obrigações. O amor tudo faz por si mesmo, é a sua glória". São Pedro Julião de Eymard, era o santo que nutria um amor apaixonado pela Santíssima Eucaristia. Só podia sair do seu coração de amor a Jesus Eucarístico essas palavras: "Há pessoas que amam até a loucura os pais, os amigos, e não sabem amar o bom Deus. O que se faz com a criatura, é o que se deve fazer com Deus. Somente ao bom Deus é preciso amá-lo sem medida, cada vez mais. No juízo não serão tanto os nossos pecados que nos aterrorizarão, e nos serão censurados. Estão irrevogavelmente perdoados. Mas Nosso Senhor nos censurará por seu amor: 'Criaturas, vós não fizestes de mim a felicidade de vossa vida?! Vós me amastes bastante para não me ofender mortalmente, mas não para viver de mim?!'
O santo do coração eucarístico diz mais: "O amor só triunfa quando é em nós uma paixão vital." Esta paixão vital, nos leva à excelência do amor adorador ao Senhor Deus. No amor de adoração, diz o reverendo George D. Watson: "A alma deleita-se na luz divina, sorri com seu favor, estremece com ternura diante de sua majestade, encanta-se com sua beleza, bebe da sua doçura, sente-se incapaz de achar palavras adequadas para louvá-lo. É o amor que permanece em silêncio, contemplando a Deus com santo temor e um profundo apreço pela pessoa dele".
São Paulo apóstolo escreveu: "O amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado" (Romanos 5,5).
Iluminados pelo divino Espírito Santo, tomado pela graça de Jesus Cristo, tenhamos a excelência do amor a Deus. Amém



Pe. Inácio Jose do Vale
Professor de História da Teologia/Revista Família Cristã

Um comentário:

  1. Disse alguem em algum lugar ,alguém ouviu e escreveu então eu li"devemos temer a Deus"
    Eu não temo, eu amo Deus meu amigo,que eu já mais quero abusar da sua bondade.Se como ele eu támbem tenho a letra feia escrevo torto mas escrevo certo.Não sou ele ,não digo a ele que o amo so demonstro admirando tudo que ele criou e o que inventa a cada dia.

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