terça-feira, 26 de abril de 2011

''As palavras do Papa sobre o meu filho me dão mais força''


"As palavras do Papa nos dão a força para seguir em frente. Na nossa situação, é preciso encontrar coragem todos os dias para continuar esperando, para ver além da morte e da doença. Há pais que não podem fazer nada mais do que ir ao cemitério para limpar uma lápide. Nós vemos e abraçamos o nosso filho todos os dias com o nosso amor, porque – como diz o Papa – a sua alma está 'presente', embora não possa 'tocar', embora ele não responda".

"Estou incrivelmente confiante no nosso futuro, apesar de tudo". Essas são as palavras de Maria Teresa Pittito, 60 anos, mãe de Francesco Grillo, 41 anos, doente de esclerose múltipla desde 1993, internado há dois anos em uma clínica em estado vegetativo permanente.

A reportagem é de Zita Dazzi, publicada no jornal La Repubblica, 23-04-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis a entrevista.

Por que a senhora se dirigiu ao Papa?

Não pensava nem que ele me responderia. Eu tenho a fé, e isso me guia na vida de todos os dias, quando estou ao lado do meu filho. Não tenho mais lágrimas a chorar e dedico todas as energias para estar perto de Francesco. Queria ouvir do Pontífice a verdade sobre a sua alma, entender se o que eu sinto é a coisa certa.

E o que a senhora e o seu marido sentem a propósito desse filho?

Sentimos que o nosso filho está vivo e que é preciso ter fé no fato de que ele está conosco, mesmo que não ouça e não veja.

Como vocês fazem para permanecer tão serenos?

Eu sou uma mãe e, para mim, o milagre é cotidiano, porque o meu filho ainda está vivo, enquanto podia estar morto. Eu e meu marido Graziano, talvez egoisticamente, o queremos conosco sobre esta terra, o queremos acudir em todas as suas necessidades, como fizemos quando ele era pequeno e como faremos até o fim.

Não têm medo pelo futuro?

Ao contrário, temos confiança. A vida deve ser salvaguardada. Depois da morte, não há mais esperança, e, assim, para nós, enquanto houver vida, qualquer forma de vida, há esperança. Por isso, estamos tão contentes e aceitamos o destino que chegou a nós.

A Itália se dividiu sobre a longa batalha da família Englaro, que viveu uma situação semelhante à de vocês.

Meu filho ainda estava bem quando foi retirada a alimentação de Eluana. E ele chorou. Sei como ele pensava sobre a eutanásia. Eu não julgo absolutamente quem fez escolhas diferentes das nossas, mas eu não conseguirei escolher a morte para ele. Meu filho está entre nós. E isso me basta. Só peço para poder dar-lhe todo o meu amor até que ele precise e até que estejamos com vida.

E depois?

Certamente, estamos preocupados por deixar essa amarga herança para a minha outra filha, para os netos. Por sorte, estamos na Lombardia, e Francesco está bem assistido em uma estrutura de saúde. Todos os dias vamos encontrá-lo. Em algum lugar na sua alma, provavelmente, Francesco sabe disso.

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