quinta-feira, 28 de abril de 2011

Expulsão de casal de ônibus abre debate sobre o crescimento do conservadorismo religioso na Turquia


Atual comandante do governo turco, o Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP) recebe elogios do exterior por manter a Turquia como um país laico, apesar de ser um partido religioso. Aos poucos, no entanto, a influência conservadora do AKP tem irritado setores liberais da sociedade turca, onde 99% dos habitantes são muçulmanos. Reportagem do jornal espanhol El País relata que a polêmica mais recente envolve um casal de namorados que foi expulso de um ônibus na área mais cosmopolita de Istambul por estar abraçado e de mãos dadas. Aos gritos, o motorista do ônibus afirmou que aquele não era um veículo “para fazer sexo”.

O caso teve enorme repercussão, gerou protestos no Facebook e um mais prático, no qual 40 casais entraram em um ônibus da mesma linha para se beijar. O casal expulso do ônibus tem rejeitado dar entrevistas com medo de represálias e quem tem aparecido na mídia é Gökçen Koç, de 28 anos, o único passageiro que defendeu o casal – e que também acabou expulso. Como mostra o El País, apesar da repercussão negativa que o ato do motorista teve, é flagrante o crescimento do conservadorismo na sociedade turca:

“O governo, os municípios estão reduzindo pouco a pouco a liberdade das pessoas, como subir a idade legal de consumo de álcool de 18 para 24 anos”, diz Koç, como exemplo de que a sociedade turca está se tornando mais conservadora sob o governo muçulmano moderado do AKP. A cada semana a imprensa relata algum acidente relacionado ao conservadorismo turco. No mês passado, a filha do primeiro-ministro, Reccep Tayyip Erdogan, obrigou o fechamento de uma peça de teatro porque um dos atores piscou o olho para ela durante a apresentação. “Nós jovens queremos viver em uma sociedade moderna, onde nos deixem ser livres. Com esse governo não vamos conseguir”, diz Fuliah Senez, professora de inglês que também mora em Istambul.

Época

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