Todos os dias, o engenheiro aposentado Antônio Celso Cancilieri, 62, acordava religiosamente às 5h, com enxaqueca. Não que precisasse levantar tão cedo, mas tinha um despertador ao lado de casa: os sinos da igreja.
As badaladas fizeram barulho também na vizinhança e a disputa foi parar na Justiça. Uma decisão mandou silenciá-las e o Mosteiro das Carmelitas de Piracicaba (160 km de São Paulo) calou-se por 21 dias.
Agora, uma nova liminar autorizou a volta das badaladas, mas só das 7h às 20h. Desde a inauguração do mosteiro, os sinos tocavam dez vezes ao dia; a primeira vez às 5h, a última às 21h.
De um lado, os vizinhos dizem que o barulho dos sinos é "poluição sonora". Do outro, as freiras carmelitas e moradores de outras áreas da cidade afirmam que os toques são "tradição".
Um engenheiro foi contratado para medir a intensidade do ruído dos sinos.
"O laudo constatou 57 db [decibéis] dentro da casa, o que já pode ser considerado poluição sonora", disse o advogado de Cancilieri, Wagner Carbinatto Júnior.
Segundo ele, o limite leva em conta a norma da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), que estabelece o máximo de 55 db em bairros residenciais.
A contagem foi considerada ilegítima por fiéis, que fizeram um abaixo-assinado com 250 adesões para que os sinos voltassem a tocar.
A advogada das carmelitas, Elianilde Gomes, disse que vai brigar para que o horário dos toques volte a ser das 5h às 21h. Segundo ela, se for confirmado que o som está acima do limite, o volume será abaixado.
Freira reza no Mosteiro das Carmelitas, em Piracicaba, que deve respeitar horário para tocar seus sinos
Folha de São Paulo
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